04/09/2010

POLÍTICA E POLITICALHA (Rui Barbosa)

Volto a postar esse texto, justamente para que reflitamos sobre a essência da política. Afinal, somos políticos desde o nosso primeiro choro enquanto bebê. O que precisamos é acreditar na política e abrir os olhos com os politiqueiros de plantão que só sabem legislar em causa própria.  Mas nem tudo está perdido, afinal temos representantes novos, com passado limpo, que já mostrou que não tem medo de lutar contra os poderosos. "A esperança é a última que morre"


 A políca afina o espírito humano,educa os povos no conhecimento de si mesmos,desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão , a energia, cria, apura, eleva o merecimento.Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós deu a alcunha de politicagem.Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objetosignificado.Não há dúvida que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem.Mas não tem o mesmo vigor de expressão que seus consoantes.Quem lhe dará com o batismo adequado?Politiquice? politiquismo?Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa. Política e politicalha não se confundem,não se parecem, não se relacionam uma com a outra.Antes se negam , se excluem, se repulsam mutuamente..A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradiçõesrespeitáveis.A Politicalha é a industria de explorar o benefício de interesses pessoais.Constitui a politíca uma função , ou um conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma.A Politicalha, pelo contrário,é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis.A POLÍTICA é a higiene dos países moralmente sadios .A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.
                                                                                                Rui Barbosa, em 18 de janeiro de 1917.