10/10/2008

Aula de Matemática, no laboratório de infomática, com o Professor Evilásio

01/10/2008

PROVA DE REDAÇÃO DA UFMT/2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Pró-Reitoria de Ensino de GraduaçãoCoordenação de Exames VestibularesProcesso Seletivo 2008

-A PROVA DE REDAÇÃO DA UFMT - PROCESSO SELETIVO 2008-

CARTA ABERTA AO GOVERNADOR DE MATO GROSSO



No Vestibular UFMT2008, foi solicitado aos candidatos que produzissem uma carta aberta ao governador do estado em que analisassem o fato “trabalho escravo em Mato Grosso”e reivindicassem medidas para a solução do problema.
A questão do trabalho escravo, pela sua gravidade, causa-nos indignação, também por colocar nosso estado, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no segundo lugar dentre os estados brasileiros apontados por essa vergonhosa prática.
O jornal Diário de Cuiabá, em 18/19 de março de 2007, trouxe a seguinte manchete”A produção sucroalcooleira de MT, de onde vem o novo ‘ouro’ brasileiro aos olhos internacionais, o etanol, reúne a maioria das ocorrências de trabalho escravo”. Quatro matérias na mesma página (Cidades – B3) revelam detalhes sobre as condições degradantes de vida desses trabalhadores que chegam, inclusive, a usar drogas para suportar tal situação.
Em 21 de outubro, o jornal de circulação nacional O Estado de São Paulo, em matéria de página inteira (A22 – NACIONAL), apresentou gráficos que apontam o panorama dessa situação no país, além de enfatizar a reação do presidente da União Democrática Ruralista que afirma não haver trabalho escravo em terras de produtores rurais, acusa os fiscais do Ministério do Trabalho de radicalismo e atribui à terceirização da contratação de trabalhadores a responsabilidade.
A revista VEJA, em 17 de outubro, veiculou propaganda social do Ministério do Trabalho em que as pessoas são estimuladas a denunciar essa vergonhosa situação.
Quanto a essa discussão, deixemos que os textos dos vestibulandos falem.
O fato de a UFMT trabalhar, principalmente na proposta de produção textual, com gêneros textuais merece destaque. Essa postura inovadora em vestibulares, em prática em nossa universidade há cinco anos, aponta para o desvelamento das competências lingüística, textual e discursiva dos candidatos, como também pode servir de orientação para a realização de um fazer pedagógico mais afinado com as recomendações de nosso sistema educacional.
Uma palavra sobre gênero textual: palestra, entrevista, conversa, depoimento, interrogatório, apresentação oral de um trabalho, discussão são exemplos de gêneros orais; notícia, artigo, reportagem, bilhete, procuração, resumo, resenha, relatório, charge, receita, lista de compras, conto, poema, romance, carta, verbete de dicionário, recibo, cartão de felicitações, e-mail são exemplos de gêneros utilizados na linguagem escrita em nossa sociedade. São todos eles formas típicas de enunciados – textos orais ou escritos – que se realizam em condições e com finalidades específicas nas diferentes situações de interação social.
O conteúdo temático, o estilo verbal (recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais) e o aspecto composicional constituem as dimensões pelas quais um gênero textual pode ser construído, reconhecido, analisado. Em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, das necessidades comunicativas dos sujeitos em uma situação concreta, essas dimensões são compostas, implementadas na produção do texto, e, na leitura, são reconstruídos pelo leitor.
Cada gênero apresenta especificidades próprias. Não que sejam imutáveis, mas são razoavelmente estáveis. Por exemplo, o gênero solicitado pela CEV/UFMT neste vestibular – a carta aberta. Em que esfera social se produz uma carta aberta? Quem escreve, em geral, esse gênero? Com que propósito? De que lugar? Quando? Quem lê esse gênero? Onde o encontra? Em que condições esse gênero pode ser produzido e em que meios pode circular em nossa sociedade?
O conhecimento relativo a essas questões permite que o vestibulando seja capaz de perceber as condições de produção e de circulação, o que lhe possibilita a escolha de recursos expressivos adequados. Não é a forma em si que define o gênero, é a sua ligação com uma situação social de interação.
Os textos abaixo exemplificam a competência comunicativa de vestibulandos que mostraram entendimento das condições de produção do texto, conhecimento do gênero solicitado, pois aliaram às características discursivas de uma carta aberta a escolha vocabular adequada, o uso de recursos lingüísticos e textuais e a seleção de informações e argumentos eficientes ao propósito do texto. Vale lembrar que a carta aberta, também chamada carta argumentativa, é gênero amplamente utilizado na exposição e defesa de pontos de vista e na reivindicação de solução de problemas.

I.
Carta aberta ao Governador do Estado de Mato Grosso

Excelentíssimo Senhor Blairo Maggi

Diante do expressivo crescimento do setor sucroalcooleiro em Mato Grosso e das grandes apostas do estado no campo do agronegócio, denunciar irregularidades nas condições de trabalho é, além de uma luta pelo respeito aos direitos do trabalhador, uma contribuição para a conquista do mercado internacional. É sabido por todos que este se encontra mais exigente quanto a questões sociais e ambientais.
Contrariando o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso e em acordo com o Ministério Público do Trabalho, denunciamos a existência de trabalho escravo no estado, principalmente nas lavouras de cana. Precárias condições de trabalho, exaustão, escravidão por dívidas e baixa remuneração caracterizam a realidade dos cortadores de cana. Negar a existência dessa reincidente violação dos direitos do trabalhador é ingenuidade.
Atraídos por promessas de melhores condições de vida, muitos nordestinos migram para as tradicionais regiões de produção de álcool, como Ribeirão Preto (a Califórnia Brasileira), ou para as regiões onde o setor sucroalcooleiro é uma grande promessa, como Mato Grosso. Infelizmente não é exagero afirmar que os migrantes são, em sua maioria, recebidos com uma pesada carga de trabalho e condições degradantes de vida. Há uma grave agressão aos direitos humanos, visto que o não cumprimento das leis trabalhistas redunda na destruição da liberdade dos indivíduos submetidos ao trabalho escravo.
Legitimar essa prática é o mesmo que sucumbir às aspirações do agronegócio internacional e, pior, contrariar os direitos naturais dos seres humanos. No exercício do Governo do Estado, esperamos que o Senhor atue de forma veemente diante dessa incontestável realidade.

Organização Não Governamental Trabalho e Liberdade









II.
Cuiabá, 19 de novembro de 2007.

Excelentíssimo Senhor Governador,

A atual conjuntura econômica favorável ao agronegócio internacional, especificamente quanto ao setor sucroalcooleiro, não admite a existência de exploração de trabalhadores nas lavouras de cana de açúcar, onde tem sido verificadas flagrantes situações de desrespeito às leis trabalhistas e à condição humana.
Em diversas regiões do Estado, alguns produtores estão submetendo pessoas, muitas vezes famílias inteiras com crianças em idade escolar, a jornadas de trabalho excessivas e ininterruptas sob condições degradantes fisicamente e, na maioria das vezes, sem o uso de equipamentos de proteção individual.
A condição análoga à de escravo se dá em função do salário que o trabalhador recebe não ser suficiente para cobrir as despesas assumidas durante a prestação de serviços, como adiantamentos ou produtos fornecidos pelo empregador, ficando o trabalhador indefinidamente refém de uma dívida que nunca conseguiria quitar, perdendo literalmente sua liberdade.
As conseqüências da situação em questão são as mais variadas possíveis, como a diminuição do tempo de vida útil de cada trabalhador e a necessidade de aposentadoria precoce por causa de acidentes de trabalho, passando também pela não alfabetização das crianças que trabalham nas lavouras.
Nos últimos doze anos, o Ministério Público do Trabalho registrou diversos casos de trabalho escravo em nosso Estado, de sorte que é gritante a necessidade de serem implantadas medidas na direção de se erradicar toda forma de exploração de mão-de-obra humana, sob pena de prejudicar o comércio de álcool internacionalmente.
O álcool está se tornando um dos principais produtos da pauta de exportação de Mato Grosso, todavia a opinião pública tanto interna quanto externa repudia que esse crescimento se dê às custas do sacrifício humano.

Organização Trabalho e Liberdade

Uma análise rápida dos textos mostra as três dimensões constitutivas do gênero carta aberta satisfeitas. A temática, primeira dimensão, relaciona-se a um fato da atualidade contra o qual qualquer cidadão pode protestar.
Na dimensão relativa à forma composicional, os produtores dos textos se revelam brasileiros no exercício da cidadania que analisam uma situação humilhante e vergonhosa e reivindicam, de um interlocutor em posição de poder – governador do estado, reação-resposta de busca de soluções. Conseqüentemente, a interação estabelece-se formalmente, o que vai refletir na última dimensão. A construção textual é argumentativa, com defesa de um ponto de vista; a estrutura apresenta adequada identificação do destinatário, corpo da carta e identificação do grupo produtor em nome de quem o texto foi construído.
Em relação ao estilo verbal, última dimensão, os vestibulandos atenderam às exigências demandadas pelas condições de produção desse texto, ou seja, utilizaram a escrita padrão – salvo alguns pequenos problemas não significativos para o sentido do texto, operadores argumentativos adequados, tempo verbal e pessoa do discurso apropriados.
Acreditamos que este artigo possa atingir dois objetivos. O primeiro é cumprir uma das especificidades do gênero carta aberta – a publicação na mídia impressa; o segundo relaciona-se ao trabalho com a produção de textos na escola. Uma nova abordagem vem sendo adotada nas escolas visando contemplar a linguagem em seu papel de mediar a relação homem-mundo e, assim fazendo, possibilita aos alunos o acesso aos usos sociais da escrita.
O trabalho com gêneros textuais na sala de aula configura-se o caminho mais adequado para que essa abordagem torne-se realmente produtiva. Torcemos para que esse caminho seja percorrido por mais e mais professores.

Coordenação de Exames Vestibulares/UFMT

O vestibular está se aproximando!

(UEMG/2007) Marque, abaixo, a alternativa em que NÃO HÁ correspondência de sentido entre o termo em negrito e sua interpretação indicada nos parênteses.
a) (...) conseguiu, mesmo num território do efêmero como a música popular, deixar uma obra que o ultrapassa, em duração. (= transitório, passageiro)
b) (...) pois o guarda-chuva, em sua silenciosa dignidade, não toca, não fala nem é histéricocomo o telefone celular. (= irritadiço, que causa irritação)
c) Algumas invenções pareciam irremediavelmente destinadas à obsolescência quando experimentaram um espetacular retorno. (= condenação, censura)
d) E porque tinha uma outra percepção do tempo, conseguiu (...) deixar uma obra que o ultrapassa, em duração. (= entendimento, visão)
e) -
resposta:C

(UEMG/2007) Nas alternativas a seguir, assinale aquela em que se identificou INCORRETAMENTE nos parênteses a idéia do articulador em negrito.
a) É preciso correr atrás do tempo. Ou correr na frente, melhor ainda. (negação)
b) Não como no século XX, nem em quantidade nem em velocidade. (comparação)
c) Ainda que mal comparado, o guarda-chuva não toca como o celular (concessão)
d) Antonio Carlos Jobim não tinha pressa, e é por isso que é lembrado. (causa)
e) -
resposta:A

(UEMG/2007) Assinale, abaixo, a alternativa em cujo enunciado NÃO está presente a idéia de comparação.
a) Os celulares se multiplicam como saúvas, brotam como capim.
b) Como resultado, a própria velocidade do tempo passou a ser um valor em si.
c) As pessoas portam o aparelhinho como se fosse uma peça do vestuário.
d) A rapidez das mudanças tecnológicas assemelha-se à das mudanças de costumes.
e) -
resposta:B

(UEMG/2007) Marque, nas alternativas a seguir, aquela em que o autor NÃO se utilizou da linguagem figurada.
a) Parar é chatear-se, e lá vamos nós: a gastança do tempo, a gula de digeri-lo, o consumo compulsivo (...)dessa substância sem cor nem cheiro chamada tempo.
b) Gostava de passarinhos, árvores, canções e poesia, quatro produtos fora do alcance da indústria da urgência.
c) Esta observação, como já terá adivinhado o leitor, vem a propósito da morte desse grande brasileiro que foi Antonio Carlos Jobim (...)
d) Ele andou na contramão da mistificação da pressa que se abateu sobre as vidas da esmagadora maioria de seus contemporâneos.
e) -
resposta:C

. Indique a alternativa que preenche corretamente as lacunas.Ainda _______ furiosa, mas com _________ violência, proferia injúrias _______ para escandalizar os mais arrojados.
meia – menas – bastantes
meia – menos – bastante
meio – menos – bastante
meio – menos – bastantes
meio – menas – bastantes

(Fuvest) - Haveis de entender, começou ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no sujeito que as possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em um sujeito solitário, remoto de todo contato com outros homens, é como se eles não existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto como as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem espectador. Um dia, estando a cuidar nestas cousas, considerei que, para o fim de alumiar um pouco o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, aliás, nada chegaria a valer sem a existência de outros homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens, pois me deu a doutrina salvadora. (Machado de Assis, O segredo do bonzo)De acordo com o texto,
A-os homens que sabem ouvir e contemplar tornam-se sábios e virtuosos.
B-a virtude e o saber adquirem existência quando compartilhados pelos homens. [CORRETA]
C-a virtude e o saber existem no espírito do homem que consegue perceber a dualidade da existência.
Da virtude e o saber, por terem realidades paralelas, devem ser conquistados individualmente.
E-o homem sábio e virtuoso, para iluminar-se, deve buscar uma vida isolada e contemplativa.

(Fuvest) - Haveis de entender, começou ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no sujeito que as possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em um sujeito solitário, remoto de todo contato com outros homens, é como se eles não existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto como as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem espectador. Um dia, estando a cuidar nestas cousas, considerei que, para o fim de alumiar um pouco o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, aliás, nada chegaria a valer sem a existência de outros homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens, pois me deu a doutrina salvadora. (Machado de Assis, O segredo do bonzo)No texto, ao afirmar "então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos", a personagem
A-expressa a intenção de divulgar seus conhecimentos, aproximando-se dos outros homens.
B-procura convencer o leitor a poupar esforços na busca do conhecimento.
C-demonstra que a virtude e o saber exigem muito trabalho dos homens.
D-resume o conceito da doutrina salvadora, desenvolvida no parágrafo.
E-exprime a idéia de que a admiração dos outros é mais importante do que o conhecimento em si. [CORRETA]


(Fuvest) "As palavras, paralelamente, iam ficando sem vida. Já a oração era morna, depois fria, depois inconsciente..."(Machado de Assis, Entre santos)
"Nas feiras, praças e esquinas do Nordeste, costuma-se ferir a madeira com o que houver à mão: gilete, canivete ou prego. Já nos ateliês sediados entre Salvador e o Chuí, artistas cultivados preferem a sutileza da goiva ou do buril."(Veja, 17/8/94, p.122)
"Ele só se movimenta correndo e perdeu o direito de brincar sozinho na rua onde mora - por diversas vezes já, atravessou-a com o sinal fechado para pedestres, desviando-se de motoristas apavorados."(Veja, 24/08/94, p.50)
Nos textos acima, o termo exprime, respectivamente, a idéia de
A-tempo, causalidade, intensificação.
B-oposição, espaço, tempo.
C-tempo, oposição, intensificação. [CORRETA]
D-intensificação, oposição, tempo.
E-tempo, espaço, tempo.