25/06/2008

OS SIMPSONS E A ARTE DE TRADUZIR SEU TEMPO


Neste momento a maioria dos fãs da família de Homer Simpson já devem ter assistido a uma das sessões do longa metragem que estreou no último dia 17 de agosto nos cinemas de todo o país.
As críticas ficaram divididas, entre aqueles que apontaram a falta de novidades na transposição do desenho aos cinemas e àqueles que viram nisso uma decisão inteligente em não desvirtuar uma obra que vem há 18 anos somando fãs de todas as idades.
Particularmente esperava algo mais, pois saí do cinema achando que havia acabado de pagar para ver um episódio de duas horas que poderia muito bem ser dividido em três capítulo na TV. Impressão que já foi me dada pelo próprio Homer na primeira cena do filme, quando o anti-intelectual mais legal da história joga na cara de todos os presentes que eles pagaram uma sessão a toa, já que vão ver o mesmo que sempre vêm na TV.
Mas opiniões de fãs à parte, fico pensando como devem estar surpresas àquelas pessoas que nunca acompanharam Os Simpsons nestes últimos 18 anos da criação maior de Matt Groenning ou aqueles que não gostam da obra por não entenderem direito as toneladas de referências jogadas nos espectadores em cada um dos episódios de 24 minutos do desenho.Criado em 1987, pela Fox (a emissora mais reacionária dos Estados Unidos), Os Simpsons abriram as portas de um novo mercado no mundo, a de desenhos animados voltados ao público adulto, com idéias políticas pendendo ao anarquismo.
E o projeto deu tão certo que filósofos, cientistas usam o desenho em livros como “Os Simpsons e a Filosofia”; “Planeta Simpsons: Como um Obra Prima do Desenho Documentou uma Era”, de ; e “O que os Simpsons podem nos Ensinar sobre Ciência?”.
A verdade é que usando, através de piadas, conceitos de filósofos como Kant, Platão e tantos outros pensadores, Matt Groenning sua equipe põem em pauta desde questões políticas, como quando o ex-presidente ultra conservador americano Richard Nixon foi ser vizinho da família e foi esculhambado pelo garoto Bart, até polêmicos episódios satirizando religiões, como o de quando Hommer decidi mandar todas as religiões às favas por preguiça de se adequar à qualquer uma delas. “E se nós escolhermos a religião errada? Só vamos deixar Deus ainda mais nervoso”, justificou, antes de completar. “Se Deus está em todo lugar, por que eu preciso ir à igreja?”. São falas que parecem simples piadas, mas guardam um universo de questionamentos que pairam sobre todos nós desde que a humanidade existe.
A prova que a força dos Simpsons é notada em todo o planeta é o tremendo barraco que o Brasil armou quando um episódio satirizou a criminalidade brasileira (que era muito mais uma ironia contra a ignorância americana em relação aos resto do mundo que a nós brasileiros) ou uma declaração do ex-presidente George Bush (o pai do Junior) de que as famílias deveriam lutar para não se tornarem como os Simpsons. Um outro, mais atento, poderia ainda destacar a afirmação de William Bonner, de que o Jornal Nacional é feito para o Hommer Simpson, por dar a notícia de um jeito “mastigado”.
No futuro, quando os estudiosos quiserem analisar com atenção as questões mundiais, uma caixa de DVDs ajudará muito. Eles só devem não levar tudo ao pé da letra, senão ficarão achando que no Rio de Janeiro existe macacos andando soltos pelas ruas.
FONTE:=http://www.liberal.com.br/blogs/entrelinhas/

Nenhum comentário: