27/08/2008

Novo Português passa a vigorar em 1º de janeiro

Novo Português passa a vigorar em 1º de janeiro
Quarta-Feira - 27/08/2008
Buscando parceria com a sociedade, MEC recebe sugestões e dúvidas até 1º de setembro
Apartir de 1° de janeiro de 2009 começam a vigorar as novas regras do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa. Porém, o brasileiro terá até dezembro de 2012 para se adaptar à nova grafia. Um decreto elaborado pelos ministérios da Educação (MEC), das Relações Exteriores e da Cultura estabelecerá as regras para a fase de transição.

A idéia é propor um trabalho em parceria com a sociedade. Para tanto, até dia 1º de setembro próximo está aberta uma consulta pública para que os interessados encaminhem dúvidas e sugestões que poderão ser incluídas no decreto. Segundo o presidente da Comissão de Língua Portuguesa (Colip) do MEC, Godofredo Oliveira Neto, o objetivo é ouvir grandes atores que estão diretamente envolvidos com o assunto, como as entidades que representam dirigentes de educação, editoras, jornais e universidades para que eles avaliem se, de alguma maneira, aquilo pode causar algum prejuízo sério. As contribuições devem ser enviadas para o e-mail acordoortografico@mec.gov.br. Neto revela que a intenção é que o decreto que regulamentará a fase de transição seja assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 29 de setembro, data do centenário da morte de Machado de Assis. O presidente da Colip lembra que o conteúdo do acordo não pode ser alterado, apesar da comissão ter recebido, via consulta pública, algumas propostas nesse sentido. “Isso é um decreto legislativo de 1995. As propostas de alteração da ortografia não estão incluídas nesse decreto, elas já foram acordadas no Congresso há 10 anos. Não podemos entrar no mérito do conteúdo da lei”, argumenta.

Sem castigo - Neto acredita que a população vai se adaptar sem traumas às novas regras. Segundo ele, após a assinatura do decreto, há previsão de uma campanha na mídia para explicar as alterações. “Principalmente para mostrar que nenhum aluno poderá ser prejudicado se escrever na norma antiga em provas de concursos públicos ou vestibulares”, aponta. A não aplicação das novas regras será considerada erro depois de dezembro de 2012.

O presidente da Colip diz que houve, em um primeiro momento, uma certa reação contra. “Entretanto essa reação não durou muito. Não são mudanças estruturais, muda muito pouco no Brasil. O acordo será bom para os dois lados, Brasil e Portugal, e revigora a Língua Portuguesa no mundo”, ressalta Neto. Segundo avaliações da Colip, cerca de 0,5% das palavras serão alteradas no Brasil com o acordo.

Em 2009, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), responsável pela distribuição das obras que serão utilizadas por alunos da educação básica da rede pública, já incluirá livros com a nova grafia. “Em 1971, nós já tivemos uma reforma ortográfica, o Brasil passou pela mesma coisa. Isso mexe com o emocional das pessoas, mas depois todos se adaptam”, defende Neto.

Detalhes

* Acordo ortográfico internacional entre países de Língua Portuguesa pretende unificar a escrita em oito países: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Portugal, além do Brasil.

*A Língua Portuguesa é o idioma falado por aproximadamente 220 milhões de pessoas no mundo, sendo 190 milhões só de brasileiros

*1º de setembro é a data para envio de sugestões e dúvidas sobre as novas regras

* 1º de janeiro de 2009, começam a valer as alterações na Língua Portuguesa.

Trema: o acento será totalmente eliminado, mas continua a existir em nomes próprios e seus derivados. Assim, ‘freqüente’ passa a ser ‘frequente’, tranqüilo vira tranquilo.

Acentos em ditongos: acaba o acento nos ditongos abertos ‘ei’ e ‘oi’ paroxítonos. Dessa maneira, ‘idéia’ vira ‘ideia’, assembléia passa a ser assembleia.

Acento circunflexo: quando dois ‘os’ ficam juntos também some. Logo, ‘vôo’ vira ‘voo’, enjôo torna-se enjoo. Nas formas verbais creem, leem, deem, veem e derivados, o circunflexo também cai.

Acento diferencial: o acento que diferenciava palavras homônimas de significados diferentes acaba. Conseqüentemente, ‘pára’ do verbo parar vai ficar apenas ‘para’.

Hífens: cai a maioria dos hífens em palavras compostas. Assim, pára-quedas vira paraquedas. Será mantido o hífen em palavras compostas cuja segunda palavra começa com h, como pré-história. Em substantivos compostos cuja última letra da primeira palavra e a primeira letra do prefixo são as mesmas, será feita a introdução do hífen. Assim microondas vira micro-ondas. O sinal será abolido em palavras compostas em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento também começa com outra vogal, como em aeroespacial (aero + espacial) e extraescolar (extra + escolar). A partir da reforma, nos casos em que a primeira palavra terminar em vogal e a segunda começar por “r” ou “s”, essas letras deverão ser duplicadas, como na conjunção “anti” + “semita”: “antissemita”. A exceção é quando o primeiro elemento terminar e “r” e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse caso, a palavra deverá ser grafada com hífen, como em “hiper-requintado” e “inter-racial”.

Inclusão de letras: as letras antes suprimidas do alfabeto português (k, y e w) voltam, mas só valem para manter as grafias de palavras estrangeiras.

Fim das letras mudas: Em Portugal, é comum a grafia de letras que não são pronunciadas como ‘facto’ para falar ‘fato’. Elas sumirão.

Dupla acentuação: foi mantida a diferença de acentuação entre o português brasileiro e o lusitano. É comum quando se fala do acento circunflexo e agudo: assim, nós escrevemos ‘econômico’ e eles, ‘económico’.


FONTE:http://www.arazao.com.br/noticias.php?cod=4046

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