10/01/2009


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04/01/09 - 19h33 - Atualizado em 04/01/09 - 20h10
Tema abrangente dificultou redação da Fuvest, avaliam professores
Coletânea de textos foi enxuta e ofereceu poucos elementos.Processo seletivo segue até quinta-feira (8).
Fernanda Calgaro e Simone Harnik Do G1, em São Paulo

A redação foi analisada como o principal complicador da prova de português da segunda fase da Fuvest 2009, realizada neste domingo (4). Segundo os especialistas ouvidos pelo G1, o tema sobre as fronteiras foi abrangente e pode ter provocado dúvidas nos candidatos.

Veja aqui a prova de português da segunda fase da Fuvest

"A Fuvest deu algo muito abrangente, por isso, ficou bastante difícil. A prova trouxe apenas o significado da palavra fronteira, sem nenhum texto de apoio", afirma Elisa Massaranduba, professora de redação do Curso Objetivo.

Na opinião dela, havia um grande risco de o candidato tentar tratar de todas as acepções do dicionário dadas e se perder. "O vestibulando pode ter levado muito tempo para contextualizar todos os casos e a redação ter ficado informativa e não argumentativa. Há uma grande chance de muita gente ter fugido do tema." Segundo a professora de redação do Cursinho da Poli Eclícia Pereira, o tema da redação foi “muito rico”, mas exigiu um “repertório cultural” do candidato. “A coletânea era muito simples e isso aumentava a responsabilidade do estudante. Era preciso estar bem informado”, afirma.

Um bom aluno de geografia, de acordo com Eclícia, pode ter se saído bem no texto. “O tema é interessantíssimo, mas a prova era simples demais”, pontua.

A redação foi diferente de anos anteriores da Fuvest, diz o professor de língua portuguesa do Curso Anglo Eduardo Calbucci. “A banca deu um verbete de dicionário, uma imagem e um pequeno texto. E pediu uma redação abordando uma ou até duas das idéias sugeridas”, explica.

“Isso é um facilitador e um complicador. Facilita, pois o aluno pode abordar o tema de vários ângulos. Mas complica, porque o estudante tem de mostrar o poder de argumentação”, analisa Calbucci. Para ele, o fato de a coletânea de textos oferecida ser pequena ajudou o aluno, pois o vestibulando teve tempo de ler três ou quatro vezes antes de se dedicar à escrita.

"O tema dava a possibilidade de o vestibulando fazer várias abordagens, desde a fronteira política, econômica e social até a psicológica", diz Célia Passoni, coordenadora de português do curso Etapa. Ela afirma que o candidato que tivesse algum treino e dominasse aspectos da globalização, por exemplo, tinha grandes chances de ir bem.
Dificuldade
Em relação às questões de português, o nível de dificuldade foi considerado de médio para difícil. Nelson Dutra, professor de português do Objetivo, avalia que a prova seguiu o estilo das anteriores da Fuvest, com um grau adequado de cobrança.

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"As questões de literatura foram sobre assuntos centrais das obras. "Não houve nada de rodapé. O aluno que tiver lido os livros e assistido a aulas críticas sobre a obra não deve ter tido dificuldade", afirma Dutra.
"O grau de dificuldade foi semelhante ao do ano passado, isto é, nem fácil nem difícil. A prova exigia bastante dos candidatos, mas aquele bem preparado, com uma boa bagagem e excelente leitura, não deve ter enfrentado problemas", afirma Célia.

Segundo ela, das dez questões, quatro eram de interpretação de texto, duas, de gramática aplicada e quatro, de literatura. "Foi uma prova bastante abrangente", avalia a professora.

Para o professor de português do Cursinho da Poli Roberto Gonçalves Juliano, o conteúdo das questões esteve de acordo com o programa ministrado no ensino médio.

“Não houve pegadinhas e o bom aluno pode atingir o que era esperado. A prova foi séria, simples e ofereceu oportunidade para o estudante se expressar. O candidato é avaliado pela capacidade de expressão escrita”, opina.

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