22/03/2009

Um pouco de Guilherme Dicke

Mato Grosso em terras lusitanas
Eduardo ferreira · Cuiabá (MT) · 9/3/2006 ·
Obra do escritor matogrossense Ricardo Guilherme Dicke foi adaptada e vem sendo encenada em teatro Europeu. Mais precisamente na terra de Saramago, que aliás foi rindado com dois de seus livros publicados, os romances Rio Abaixo dos Vaqueiros e O Salário dos Poetas. Este último é que foi adaptado e encenado pelo grupo de teatro O Bando, grupo de resistência cultural e linguagem experimental de Portugal, comandado pelo diretor João Brites. Ele ficou tão seduzido pelo romance que veio a Cuiabá conhecer e pesquisar autor e lugar-cenário onde são tramados os enredos e urdiduras desse "relato bufo de um ex-ditador que se encontra exilado num qualquer país da América Latina, cujo tema é o da loucura e da sedução que o poder é capaz de exercer sobre a humanidade". O escritor mais premiado de Mato Grosso vem rompendo as barreiras que o impedem de ser conhecido pelo grande público, "pelejando, pelejando", como costuma dizer. A falta de uma política editorial e de incentivo à leitura no Brasil reserva um papel ingrato para os escritores. Dicke realiza uma literatura de peso na cena brasileira desde o final dos anos 60, quando foi um dos emiados pelo concurso literário Walmap, que tinha como julgadores Guimarães Rosa, Jorge Amado e Antonio Olinto. Gláuber Rocha, no programa de TV Abertura, indicou o romance Caieira como o retrato mais rico de nossa literatura (tupi or not tupi?) emergente na época. Com aquele seu jeito vibrante, vaticinava: "Ricardo Guilherme Dicke é o maior escritor vivo do Brasil e ninguém lê, ninguém conhece!"Dicke, até hoje vive um ostracismo absurdo, sua obra é pouco difundida. Ironicamente seu nome represa tudo, dique de si mesmo. João Brites conheceu sua obra através do cineasta Amauri Tangará, que desenvolve um trabalho de integração cultural com Portugal.Conversei com Ricardo e ele disse, ainda chocado com sua primeira viagem a Portugal e França - estava curtindo ainda o êxtase pelo deslumbramento que Paris lhe provocou - que "a estréia da peça foi um sucesso, muito aplaudida mesmo, pelo teatro lotado, em Palmela". Disse ainda que foi uma montagem superexperimental e que estava bastante satisfeito. Segundo Brites : "Quisemos que os quadros se sucedessem em alto contraste, sem meios termos, ácidos, pueris, violentos, ridículos, obscenos". E completa com uma passagem extraída do romance, "os ossos não têm pátria, nem as fezes, nem os vômitos, talvez só as lágrimas e o suor".Ainda brinquei com o Dicke: "Você já não está mais tão esquecido, só falta agora uma editora decente abrir os olhos e preparar um (re)lançamento de suas principais obras já publicadas: Madona dos Páramos, Deus de Caim, Caieira, O Último Horizonte, O Salário dos Poetas, Rio abaixo dos Vaqueiros, Cerimônias do Esquecimento..."tags: Cuiabá MT literatura mato-grosso ricardo-guilherme-dicke

Um comentário:

MARIA DOMINGAS DE SOUZA disse...

Olá, Déborah, gostei muito do seu blog, PARABÉNS!!! E através dele pude saber um pouco sobre esse grande autor mato-grossense: Ricardo Guilherme Dicke. E, por falar, nele, quero fazer um artigo, porém, preciso da obra "Deus de Caim", mas não a tenho e tb não a estou encontrando nas livrarias daqui de Cáceres. Será q porventura vc o teria digitalizado pra mandar pra mim, via e-mail? Se tiver, agradeço-lhe muito.
Meu e-mail é: mariads.moraes@gmail.com
Um grande abraço.
Maria Domingas.