
'O apanhador de desperdícios', de Manoel de Barros, foi utilizado no simulado da prova de Linguagens.
Marcy Monteiro Neto, da redação do site TVCA
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação que aplica o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgou um simulado da prova que será realizada nos dias 3 e 4 de outubro. O novo Enem será a porta de entrada para os estudantes que pretendem estudar na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e outras instituições federais de ensino em todo o país.
No simulado divulgado pelo Inep, uma das questões do caderno de Linguagens traz uma poesia de Manoel de Barros, mato-grossense de 92 anos e um dos maiores poetas brasileiros.
Manoel de Barros nasceu em Cuiabá em dezembro de 1916 e publicou o primeiro livro em 1937: "Poemas concebidos sem pecado". A poesia dele tem como temática o Pantanal, contando detalhes de seu cotidiano, da natureza e da vida no campo. O cuiabano Manoel de Barros recebeu diversos prêmios literários, entre eles dois Prêmios Jabuti de Literatura, Prêmio da Academia Brasileira de Letras e um Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte de melhor poesia.
Confira abaixo a poesia citada no simulado e clique aqui para conferir o simulado na área de Linguagens.
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Confira abaixo a poesia citada no simulado e clique aqui para conferir o simulado na área de Linguagens.
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidadedas tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restoscomo as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
fonte:http://rmtonline.globo.com/noticias.asp?n=455225&p=2&Tipo=
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