"Não" perde o hífen depois de reforma ortográfica
Por Thaís Nicoleti
"Funcionários com assento nos conselhos recebem adicional de salário. Não-funcionários recebem até R$ 12 mil pela participação."
É verdade que nem sempre era fácil perceber quando o advérbio de negação "não" atuava como prefixo, mas a poda radical que se fez nos hifens que o ligavam a substantivos ainda vai demorar a ser absorvida pelos usuários escolarizados da língua.
O advérbio, segundo sua definição tradicional, é uma palavra que modifica verbos, adjetivos e outros advérbios; não é, portanto, um modificador de substantivos. Assim, era fácil perceber que, diante de substantivos, o "não" assumia o valor dos prefixos de negação ("des-" ou "i-") e essa sua condição levava ao emprego do hífen como sinalização gráfica.
Havia ainda o caso de adjetivos que igualmente admitiam o prefixo "não" - com hífen por haver clareza quanto à sua condição de substituto de outros prefixos (não-governamental, por exemplo).
Agora, em busca da simplificação, a interpretação oficial do texto do Acordo Ortográfico determina a supressão do hífen que separava a palavra "não" de nomes em geral. Abaixo, o texto corrigido:
Funcionários com assento nos conselhos recebem adicional de salário. Não funcionários recebem até R$ 12 mil pela participação.
Paulo Ramos
Paulo Ramos é jornalista, professor e consultor de língua portuguesa do Grupo Folha-UOL
E-mail: peramos@uol.com.br
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